BELA TV - The 1st MINIMAL MOVIE ever made


Estamos tão fartos do fim quanto do início, ou do meio do espectáculo. Vomitamos também a não-arte, a anti-arte, esse desfecho eternamente adiado que vive do término anunciado, e que se transmuta em encenação da sua própria finitude, em rebeldia vendida a peso de ouro. Comemos e desembuchamos a redução a nada, esse acabar do acabar, anódino cinismo, herdeiro do dandismo decadentista. Todo este trabalho de luto, mal resolvido, é a demonstração de uma cultura que não se consegue emancipar das ruínas da ordem do passado, sinal de tristeza agonizante. Se toda a nossa civilização se recusa a entrar na disposição superior, que mais podemos fazer? Continuamos ainda agarrados aos destroços do naufrágio, sem saber que já não estamos fora de pé. O mal é mini! 

Original music "Hosts" by Yann Gibert.

LOLA ADORES # 4.0.0

Lola Adores words of wisdom on days of 'Crising'. Lola Adores dresses exclusively Friedrich Matratzen exclusiviest creations.


HELIOGABALO'S Loisir D'Art - Prólogo



O fetichismo da arte disfarça a categoria essencial, e os pormenores fazem esquecer a totalidade. Já se disse tudo a propósito da cultura artística dos nossos dias, excepto aquilo que ela realmente é: mercantil e separativa. Mas todos sabemos que o artista é uma pessoa que lê, e orgulha-se de comprar, como todos compram, as reedições, em livros de bolso, de textos importantes e difíceis da filosofia, que a "cultura de hipermercado" propaga em ritmo acelerado. Acontece, simplesmente, que o artista não sabe ler, contentando-se em ruminar com os olhos. É através desta indigestão bovina de textos que julga participar no mundo actual e iniciar-se na política.
Porque o artista, mais do que qualquer outro, se mostra contentinho por ser politizado.
É assim que se reapropria de todos os risíveis despojos de uma esquerda que foi aniquilada há mais de oitenta anos, pela contra-reforma "socialista" e pela anti-revolução de Estaline. Tudo isto o ignora ele ainda, embora o poder estabelecido o saiba claramente. Ele participa, com um orgulho boquiaberto, nas mais ridículas manifestações que só a ele conseguem cativar. A falsa consciência civil encontra-se, na sua pessoa, em estado puro, constituindo o artista a base ideal para as mais utópicas conspirações, dos fantasmáticos burocratas de organizações agonizantes. Eis a razão por que, manipulado pelo recente febrilismo das capelinhas, ele se lança sobre a mais vetusta das velharias para adorar o cadáver hediondo da Arte e dedicar-se aos restos apodrecidos dessa superstição pré-histórica, que pensa ser digna de si e do seu tempo. O meio artístico constitui - quase nem vale a pena sublinhar -, juntamente com as velhinhas provincianas de bigode, o sector onde persiste atávica a mais forte dose de superstição praticante, e continua ainda a ser o melhor "território de missões" (enquanto que em todos as outros se devoraram já ou se escorraçaram os missionários) no seio da qual os críticos, no seu papel de catecistas, continuam a sodomizar nas suas retretes intelectuais, e sem se encobrirem, milhares de artistas mentalmente imberbes.